A luta contra a violência doméstica e o feminicídio das mulheres negras precisa ir além das políticas existentes. O feminismo negro traz uma perspectiva interseccional, destacando como a opressão racial, de gênero e classe cria um cenário ainda mais brutal de violência, e como a sociedade pode transformar essa realidade com justiça e igualdade.
A violência contra a mulher é uma dos maiores problemas sociais do Brasil. No entanto, a mulher negra enfrenta uma opressão ainda mais brutal, marcada pela violência de gênero e pelo racismo estrutural que permeia todos os aspectos de sua vida.
O feminismo negro surge como resposta a essa opressão múltipla, buscando dar visibilidade e empoderamento às mulheres negras, historicamente silenciadas. Além de enfrentar o patriarcado, elas enfrentam uma sociedade racista e classista, onde sua negritude agrava ainda mais as condições de vulnerabilidade e violência. Portanto, o feminismo negro não trata apenas de gênero, mas também de raça, classe e história, atravessando diferentes dimensões da vida da mulher negra.
Em 2023, o Brasil registrou um aumento alarmante no número de feminicídios, com 62% das vítimas sendo mulheres negras, segundo dados da Anistia Internacional. Isso revela a invisibilidade da mulher negra nas políticas públicas de proteção e suporte. A violência contra a mulher negra é frequentemente tratada como parte da violência doméstica, sem o devido reconhecimento das questões raciais e sociais que a envolvem.
O feminismo negro visa mudar essa realidade, colocando essas mulheres no centro da luta por direitos iguais e dignidade. Não se trata apenas de combater o feminicídio, mas de desconstruir a ideia de que mulheres negras são menos merecedoras de proteção e justiça. O feminismo negro propõe uma transformação da sociedade, onde as mulheres negras possam viver com segurança e respeito.
A violência que sofrem deve ser vista não apenas como uma tragédia individual, mas como uma questão coletiva e estrutural. Em um Brasil onde 52,2% das vítimas de estupro são negras, como aponta o 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2024), o racismo sexual é uma realidade que exige um combate urgente. O machismo, que oprime todas as mulheres, se desdobra de maneira mais brutal contra as negras, com estupros, feminicídios e agressões psicológicas, como tentativa de homicídios e stalking.
O combate a essa violência exige uma ação multidisciplinar, que envolve o fortalecimento das redes de apoio e a sensibilização da sociedade sobre o racismo estrutural. As políticas públicas precisam ser direcionadas não apenas para a assistência imediata, mas também para a mudança da estrutura social que perpetua essas opressões.
Além disso, é fundamental que a luta pelo fim da violência contra a mulher negra se articule com a luta por uma educação antirracista e antifeminicida. Essa transformação deve começar a partir da base da sociedade, abordando o respeito ao corpo, à autonomia e aos direitos das mulheres negras.
A violência contra a mulher negra reflete um desrespeito e desumanização que remontam ao período colonial. Sua erradicação exige um compromisso coletivo de todos os setores da sociedade. A luta não é apenas das mulheres negras, mas de todas, que precisam se engajar ativamente no combate a essas injustiças.
O feminismo negro é uma luta pela construção de uma sociedade mais justa, igualitária e livre de violência para todas as mulheres. Isso só será possível quando todos se comprometerem a transformar as estruturas que sustentam as desigualdades de gênero, raça e classe.
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